24 dezembro 2012

Às minhas amigas


Eu sou uma pessoa bem sortuda, que tem muitas e muito boas amigas de verdade, não de Facebook. E eu agradeço bastantão a Deus por essas meninas, porque eu sou uma amiga lousy, eu não sei a hora de ligar, de não ligar, de sumir, de oferecer meus ombros, de dar presente ou de não dar! Eu tenho mega dificuldade com manutenção de amizade e é por isso mesmo que sou tão grata: porque elas me amam mesmo assim! - embora quase todas já tenham confessado uma quase desistência de mim... rs

Eu falei com algumas delas nos últimos dias, fosse pelo meu casamento, por saudade, pelo Natal ou o que fosse. Meu peito apertou de saudade da maioria delas, que já não vejo há muito tempo, mas foi falar com uma delas, especificamente, que me encheu de vontade de escrever.

Essa minha amiga é uma boneca, linda, organizada, dedicada (a todos e a tudo - desconfio que ela seja a verdadeira Dona do Tempo) e dá vontade de dar um céu bem colorido de rosas e amarelos e laranjas com nuvens brancas e fofas pra ela no Natal. Eu, como já disse, não sei ser assim tão dedicada, mas é por me atrapalhar com tantas outras coisas que não deveriam estar no caminho, não por falta de querer.

E me deu uma vontade de dar um abraço mais apertado que o normal nessa menina e talvez, até, pegar ela no colo. Mas com a tarde já tão avançada pra uma visita, achei que cabia melhor ligar e trocar umas palavras. Só umas mesmo, que ela não é de falar muito, é de escutar horrores! Eu sempre insisto um pouquinho pra fazê-la falar, que é o que eu adoro, e ela tenta me satisfazer porque, como eu disse antes, é uma amiga primorosa.

E nessa de ela falar alguma coisa pra satisfazer minha aflição, ela me calou. E eu percebi que algumas tantas coisas não estão mesmo em tudo o que a gente fala (sim, eu demoro pra internalizar certas coisas). E que muito do que a gente fala pode ser jogado no lixo logo depois. Não por ser mentira, bobagem, não, não, mas porque não é de verdade o que fica. Essa menina que tem tudo na cabeça conseguiu ir além no seu capricho hoje: ela conseguiu me fazer ficar quieta e, ainda, pensar diferente - em vez de ver tudo com os meus próprios olhos, carregados de mim mesma. Eu não sei se foi ela psicóloga ou ela fotógrafa ou a mistura dela consigo mesma que fez isso, mas fez.  E eu fiquei feliz porque acho que isso é uma pequeníssima parte do segredo dela pra ser tão boa amiga assim, despindo-se de si própria pra enxergar o outro - e tantos outros que possam surgir numa conversa!

E eu fiquei tão feliz e tão grata por ter essa pessoa, que insistiu tanto pra estar mais perto de mim quando quem devia ter insistido era eu, que comecei a pensar em cada pequena coisa que me admira nas minhas outras amigas, tão queridas e tão atenciosas - cada uma à sua maneira, que fiquei com vontade de escrever e agradecer a elas e ao universo todo.

Eu desejo que todo mundo tenha um motivo, qualquer dia desses, pra encher o coração de calor, como aconteceu comigo. Não precisa ser Natal, não precisa fazer parte das resoluções de fim de ano ou ano novo, nada disso! Só precisa ser quentinho e dar vontade de sorrir =]

26 agosto 2012

Papel? Ofício.

Com os olhos ardendo, ela seguia, afinal, havia se dado um prazo para dar um fim àquilo tudo. As palavras, amigas íntimas de tempos idos, insistiam em dançar barulhentas na sua cabeça e embaralhar-se diante de seus olhos no papel pautado. Tão pouco era seu prazer em estar com elas, que repensava friamente sua escolha. Sortudos os que, aos dezoito anos de idade, escolhem bem o que farão da vida!

Entre pontos e vírgulas, seus pensamentos se perdiam; as palavras os tiravam pra dançar. Os rostos dos alunos não tinham nome, mas a pilha de textos, sim. Era difícil saber quem era a dona do caderno da Playboy. E era ainda mais difícil entender o porquê!

Piscava pesado, em busca de clareza ou descanso, talvez. Em sua mente, imagens. Sonhava por milésimos de segundos a cada piscada longa que dava tentando livrar-se da sensação de ardência. Via planilhas de notas e nomes sem rostos. Achava que aquilo tudo, na verdade, não tinha importância alguma.

Em algum papel com a borda rasgada, um recado: "Professora, adorei essa atividade. Obrigada por nos ensinar a pensar nessas coisas". As palavras pararam de dançar e organizaram-se em uma orquestra afinada.  Os papeis ganharam donos; os rostos, nomes; a correção, sentido; a professora, descanso.